segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Considerações sobre "Agile vs Tradicional"


Quem acompanha a cena ágil, deve ter percebido que ultimamente tem saído muitas faíscas entre especialistas de diversas metodologias, boas práticas, modelos de processo ou seja lá qual for o nome dado a todas estas "entidades" que se propõe a dizer como desenvolver software. Temos o relatório do SEI sobre CMMI e Agile , a crítica sobre problemas de Usabilidade ao usar Agile para desenvolvimento e mais alguns que não me recordo agora. Isso sem falar nas inúmeras discussões que ocorreram nas listas de discussão que acompanho.

No meio disso tudo, acabei me deparando com o post do Bruno Pedroso no eXPresso Capital . Achei sensacional as suas colocações sobre todas essas "implicâncias". Só gostaria de complementar com o seguinte, não acredito que exista o melhor e o pior jeito de fazer alguma coisa, existe apenas o que funciona e o que não funciona. E a beleza da coisa está justamente no fato de que algo pode funcionar perfeitamente em um lugar e em outro ser um estrondoso desastre.

Agora, voltando as picuinhas, é nesses momentos que me decepciono com o ser humano, porque é ai que posso ver o nível da nossa hipocrisia. Todos condenam o preconceito, todos dizem que devemos ter a mente aberta, todos dizem que devemos estar preparados para novas possibilidades, mas quando o calo aperta, fazem justamente o contrário, se acovardam, se fecham, se escondem e se blindam em seus mundinhos. A grande verdade é que, na maioria das vezes o que vale mesmo é a "lei da conveniência". Em outras palavras, o conveniente para mim está certo, se não é conveniente, pelo menos que os outros fiquem piores que eu. 

Quando agile começou a ser visto com interesse, muitos especialistas promoviam agile dizendo que as abordagens tradicionais eram burocráticas e improdutivas. Por outro lado, quem ganhava dinheiro com as práticas tradicionais, rebatiam dizendo que agile não oferecia nenhum mecanismo de controle, não havia documentação para nada, que os processos eram bagunçados e assim por diante. Ao meu ver isso é mais ou menos como promover maconha, falando que cigarro dá cancer; ou como vender peixe, dizendo que carne vermelha tem muito colesterol. Enfim, é completamente absurdo.

Agora que agile é visto como uma realidade, a briga é pra ver qual metodologia é a melhor. Quanta besteira. A impressão que fica, é que as abordagens para desenvolvimento de software vem tornando-se meros produtos, onde o grande objetivo é ganhar o mercado do concorrente, não importa como, nem mesmo a qualidade do produto oferecido. Nessas horas, quando o produto que um especialista vende tem alguma falha, basta esconde-la apontando falhas do produto concorrente, mesmo que seja preciso inventar uma. 

Um comentário:

J.F. de Souza disse...

Milton, meu caro!

Eu confesso que ñ estou a par desse tal de agile... (Até vou começar a fuçar mais sobre! Ando muito relapso com meus estudos ultimamente...)

Mas sao fatos - onde um deles parece ser possível mudar - que as abordagens para desenvolvimento de software, como qualquer outra coisa no mundo para a qual exista mais de 1 "coisa" para um determinado fim, sempre vai ter seus respectivos adeptos... E, como todos somos ignorantes, no fim, encaramos com muito fanatismo aquela abordagem que é de nossa escolha...